Análise sociossemiótica multimodal do grid e do layout de memes: transformações e reproduções em disputa
Lembra dos manifestantes antidemocráticos pós-eleições de 2022?
Que depois se tornaram manifestantes golpistas em 08 de janeiro de 2023?
Analisei a linguagem deles neste artigo.
Este artigo possui pressuposto sociossemiótico e proprioceptivo. Do ponto de vista sociossemiótico, a prática comunicacional das pessoas consiste em ressignificar, mais do que criar originalmente. Ao mesmo tempo, existe má distribuição de recursos de linguagem motivada pelas relações desiguais de poder entre pessoas e classes sociais. Por isso, grupos com recursos escassos tendem a reproduzir práticas comunicacionais com os recursos mais disponíveis e que são compartilhados por mais pessoas. A ressignificação e a reprodução de recursos fazem com que as práticas comunicacionais se tornem hábitos.
Do ponto de vista proprioceptivo, os hábitos são oriundos de atitudes formadas pelos músculos, provocadas pelas relações de força entre as pessoas e o mundo. Logo, este artigo apresenta como tese que uma prática comunicacional de ressignificação, ao se tornar hábito, pode ela mesma se tornar uma linguagem. Trata-se de artigo de desenvolvimento teórico, embasado em pesquisa bibliográfica, que busca síntese entre duas teorias. O objetivo é propor fundamentação para analisar a multimodalidade corporificada.
O artigo sistematiza como práticas comunicacionais se tornam hábitos e propõe método de análise dessas práticas. Fundamentado nesse método, apresenta análise da linguagem dos manifestantes antidemocráticos pós-eleições brasileiras 2022.
O resultado aponta para uma linguagem antigeocêntrica, da negação do corpo, do mundo e da vida, que emerge dos hábitos de ressignificação incorporados pelos manifestantes, cujo discurso é pautado no idealismo religioso, e o militarismo é sua consequência. A conclusão é que as próprias escolhas de design das práticas comunicacionais dos manifestantes são uma linguagem, pois são passíveis de produção de sentido.